Aécio quer PSDB construindo a união das forças do centro político
12 de maio de 2023
“O PSDB tem que construir um projeto de país. Uma proposta que olha para frente, que faça diferente do presidente Lula, que parece governar olhando para trás, com raiva. O PSDB precisa ter cara e coragem para aglutinar novas forças do centro político.” Essa foi a avaliação feita pelo deputado federal e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, em entrevista à Rádio FM O TEMPO.
Convidado a falar sobre o atual quadro da política nacional, Aécio disse que a polarização entre o PT e o bolsonarismo tem impedido avanços nas reformas necessárias ao país e no debate dentro do Congresso Nacional.
“O plenário do Congresso tem se tornado insalubre. Você quer discutir um determinado tema, como o arcabouço fiscal ou a retomada do Marco do Saneamento, e não há espaço para isso. O que toma o tempo do Congresso são as acusações”, afirmou Aécio.
O ex-governador de Minas Gerais também considerou medidas do governo Lula como um retrocesso e disse que 57% dos brasileiros querem um candidato que represente o centro democrático.
Leia os principais trechos da entrevista:
Sobre a CPMI que vai apurar os atos de 8 de janeiro:
Aqueles acontecimentos foram extremamente graves e deploráveis. Para nós, mineiros, sobretudo, sabemos o caminho árduo que percorremos para restabelecer nossa liberdade no Brasil, para fortalecer nossas instituições democráticas, e qualquer ataque a elas deve ser condenado da forma mais vigorosa possível. Mas, assistimos também, no início do governo, a uma utilização demasiadamente política daqueles acontecimentos. Defendo que haja rigor na apuração dos fatos e responsabilização criminal daqueles que depredaram o patrimônio público. O que todos esperamos é que seja uma Comissão para investigar o que de fato ocorreu.
Sobre a polarização entre esquerda e direita no Congresso:
Tenho defendido que o radicalismo precisa ser controlado. Estou no Congresso há muito tempo. Cheguei na Assembleia Constituinte, eleita em 1986, e nunca houve um período em que as discussões sérias de matérias que interessam ao país esteve tão prejudicada pela radicalização, pelas ofensas e pela busca de likes nos celulares. Tenho dito que o plenário do Congresso tem se tornado insalubre. Você quer discutir um determinado tema, como o arcabouço fiscal ou a retomada do Marco do Saneamento, e não há espaço para isso. O que toma o tempo do Congresso são as acusações. Espero que, passado o período das últimas eleições, a gente possa trazer novamente o Congresso Nacional para exercer na plenitude a sua responsabilidade, que é de discutir e legislar de forma mais respeitosa do que vem acontecendo.
Sobre o papel do PSDB:
Há uma pesquisa recente do Ipec mostrando que 57% dos brasileiros gostariam de uma alternativa presidencial que se colocasse entre os dois extremos (da direita e da esquerda). E é aí que entra, novamente, o papel do PSDB. É preciso reorganizar o centro democrático, radicalizar no centro com uma pauta responsável na questão econômica, mas com preocupações com as mazelas sociais do país. Esse é o nosso esforço. Não é fácil. Mas estou na política para isso. Acredito que a gente tem condições de trafegar nesta ampla avenida do centro, em que nós não tenhamos de volta os arroubos da extrema direita, a que nós assistimos recentemente, mas tampouco uma esquerda com agenda de atrasos que vemos já no início do governo Lula.
Sobre federação entre PSDB e Cidadania:
O PSDB hoje está federado com o Cidadania e, até 2026, estaremos juntos, passando pelas eleições municipais. As conversas com o Podemos continuam, estamos conversando para ampliar a federação, mas a prioridade é nossa agenda. Falo que é preciso que o PSDB verbalize com mais força aquilo que pensamos em relação ao país.
A oposição ao PT:
Temos que dizer, por exemplo, que não aceitamos a revogação do Marco do Saneamento, que possibilitou, pela primeira vez, que tivéssemos a chance de alcançar a meta de universalização do saneamento básico no país. Lá atrás, o PT revogou praticamente toda a Lei das Estatais, que blindava essas empresas de indicação política, porque esse é o DNA do PT: indicações políticas todo o tempo. Quase 40 ministérios, isso é impensável; não existe paralelo no mundo para isso. E não são apenas ministérios, é o tempo inteiro pessoas sendo nomeadas sem qualificação ou perspectiva de ajudar na agenda reformista que o Brasil precisa viver.
É mais importante para o PSDB hoje combater o PT ou o bolsonarismo?
O PSDB nasceu no enfrentamento ao PT e sua agenda atrasada. Na política, as virtudes não estão nos extremos. Elas estão sempre muito mais perto do centro, onde se constrói entendimentos e consenso. O PSDB tem que construir um projeto de país. Queremos uma proposta que olha para frente, que faça diferente do presidente Lula, que parece governar olhando para trás, com raiva, olhando pelo retrovisor da história, e não para o para-brisas. O PSDB precisa ter cara, coragem, ser afirmativo para aglutinar no futuro novas forças de centro.